quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cinemas do centro ganham fôlego na Virada Cultural

A programação cinematográfica incluiu em seu roteiro grandes salas de cinema no centro da cidade que foram sendo esquecidas com decadência da indústria pornográfica

por Verena Pacelli

Anualmente, a virada cultural, organizada pela Prefeitura de São Paulo, agita a capital paulista durante 24 horas com diversas atrações para toda família, atraindo milhões de pessoas ao centro de São Paulo, desde sua primeira edição em 2005. Teatro, música, cinema, culinária, dança estão entre os destaques do evento. E este ano não foi diferente, a organização uniu gêneros, tribos e estilos numa programação para todos os gostos. Do Pole Dance ao Heavy Metal, do Circo ao Stand Up Comedy.




Em 2011, a programação cinematográfica incluiu em seu roteiro grandes salas de cinema no centro da cidade que foram sendo esquecidas com decadência da indústria pornográfica. Cine Dom José, Cine Windsor e o Palácio do Cinema, lugares comuns dos amantes do sexo explícito, ganharam um novo fôlego trazendo uma programação 'arrasa quarteirão', com destaques que vão do Cine Catástrofe ao Cine Musical. Para um funcionário do Cine Windsor, já era hora de a prefeitura acordar: "É muito importante ter ações como essa. O centro de São Paulo merece a atenção das autoridades.". Vale lembrar que as salas que hoje exibem filmes pornôs, já foram cheios de glamour um dia, exibindo, por exemplo, produções de conceituados diretores franceses como François Truffaut e Alain Resnais. Foi em meados da década de 1980, com o fim da ditadura militar e com centro já em declínio, que as grandes salas de cinema tornaram-se habitué de viés duvidoso , a fim de continuar a funcionar.






A galeria Olido, que sempre tem uma programação cultural interessante, também participou da virada, com o Cine Canibal, uma série de filmes de arrepiar. Dragão Vermelho (2003),  Mundo Canibal (1972), Zumbi Holocausto (1980) e Silêncio dos Inocentes (1991) fizeram parte da lista de horror exibida por lá. Às 11h30, uma fila enorme já dominava o saguão do Olido, com cerca de 150 pessoas que aguardavam para ver Cannibal Holocaust. O longa italiano, de 1980, causou muita polêmica desde seu lançamento, e foi proibido em diversos países, principalmente por se parecer muito com um gênero controverso do cinema, o Snuff Movie - filme no qual os atores são mortos de verdade em frente às câmeras. Logo as primeiras cenas, com suas imagens violentas, chocaram tanto que mandaram embora grande parte da plateia. A estudante Maiara Souza, 18 anos, foi uma das primeiras a deixar a sala, "Tô fora! Vamos procurar algo mais light", comentou com as amigas. Dirigido por Ruggero Deodato, o longa conta a história de quatro americanos que resolvem fazer uma expedição na Amazônia em busca dos indios Yamamanis. Aparentemente, o filme é um dos precursores na linha "câmera na mão", com cenas que lembram muito os filmes da linha, A Bruxa de Blair. Com trilha sonora impecável assinada por Riz Ortolani, ganhador do Grammy, o filme arrancou inevitáveis gritos e sustos da plateia.  "A produção é muito trash, mas é um clássico. Sou um amante assumido do tosco e a morte dos animais em cena, pra mim, é o ápice", afirmou o publicitário Eduardo Borges, 27 anos. Antropofagia, carnificina e crueldade dão o tom de Cannibal Holocaust.



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