segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diversidade artística em estilo brincante

Por Márcio Adriano Krefer

Valorização e conhecimento de inúmeras manifestações artísticas do país são contempladas pelo público em espetáculo na Virada Cultural.

Enquanto alguns aguardam na entrada para assistir o circo Zanni, grande cerco se forma no piso superior do SESC para um novo espetáculo ao ar livre. Com trajes arrojados e o batuque de tambores, começa a apresentação do grupo de dança e teatro do Instituto Brincante.
Durante 40 minutos, brincadeiras e performances bem humoradas estimulam o público a se aproximar do universo da cultura brasileira. A atração convida pessoas de todas as idades. A pedagoga Maria Conceição, enfatiza a necessidade de preservar os costumes. “A cultura é muito importante para a sociedade. Na virada cultural todos tem oportunidade de participar. Estamos precisando de muita cultura e o grupo expressa a diversidade brasileira, e isto é muito bom”, comenta.
A apresentação do grupo é feita em clima brincante, com danças populares acompanhadas de batuques e uma variedade de coreografias que expressam a diversidade do nosso país.  “A gente tenta mostrar uma leitura do próprio instituto dessas brincadeiras populares, relidas aqui em São Paulo por gente que estuda, trabalha com a cultura brasileira”, comenta André Simões, membro do grupo há três anos.
Momentos de laser e diversão para toda a sociedade são fundamentais para o conhecimento das tradições. A aposentada Carolina Despirito, apoia momentos de diversão e folclore. “Estou adorando a maneira como esse grupo se apresenta. É preciso ter sempre esses momentos para todos. Distrai e contribui para a formação da sociedade”, disse.
Ao final os artistas promovem um cortejo convidando todos os presentes a caminhar cantando e dançando ao som de ritmos brasileiros. José Luiz Pinheiro, formado em psicologia, nunca havia participado antes do evento promovido no SESC e se diz contagiado pelo grupo. “Achei superinteressante porque a energia das músicas mexe muito com a emoção, envolve todo um processo na áurea das pessoas. Chega até a arrepiar de tanta emoção. É um grupo bem organizado, a dança é fantástica e os movimentos são todos sincronizados”, afirma.
É a primeira vez que o grupo formado recentemente no Instituto Brincante participa na Virada Cultural.  O grupo utiliza-se de vários instrumentos e tem como característica a forma brincante de se apresentar. “As brincadeiras se misturam entre Maracatu, caboclinho, cavalo marinho, pandeiro”, garante Simões.
O Instituto nasceu em 1992 com o objetivo de lançar um olhar diferenciado sobre a cultura brasileira. Grandes espetáculos foram produzidos ao longo dos anos. Por meio de cursos gratuitos consolidou-se o teatro nas escolas, principalmente à população jovem de baixa renda. “Brincante é o modo como os artistas populares se autodenominam. Eles nunca se nomeiam dançarinos ou atores, ele se dizem brincantes; ao realizar um espetáculo, não dizem que vão fazer um show, dizem que vão brincar”, explica a co-fundadora do Instituto Rosana Almeida.
Os cursos oferecidos integram as artes dramáticas por meio da música e da dança; a literatura através da poesia e dos contos tradicionais; as artes plásticas mediante o estudo das máscaras, figuras, adereços e brinquedos que compõem o imaginário simbólico e mítico, presentes nas diferentes expressões da cultura brasileira.
O Instituto parte do propósito de estudar as diferentes manifestações artísticas, tão distantes da nossa realidade contemporânea. “A missão é promover o enriquecimento humano por meio do estudo e pesquisa da arte e da cultura brasileira, formando e capacitando jovens, crianças, artistas e educadores, contribuindo para ampliar a consciência cultural e social”, completa a fundadora.
Mais do que educadores, o projeto pretende formar "intérpretes" com sensibilidade cultural e artística para redescobrir a arte do Brasil, multiplicando seus significados em diferentes contextos sociais.
As apresentações reúnem o estudo, a técnica e o potencial artístico em apresentações de música ao vivo, dança, performances teatrais e circo, para públicos diversos. Todas as atividades culturais podem ser realizadas dentro ou fora do Instituto, em escolas, ONGs ou empresas. Promove também, diversas atividades culturais, todas originárias dos ritmos e manifestações artísticas brasileiras, mas trabalhadas de formas bem distintas.
Um espaço de conhecimento, assimilação e recriação das inúmeras manifestações artísticas do país, que celebra a riqueza da cultura nacional e a importância da sua diversidade. “Novos valores, novas maneiras de construir saberes e proporcionar ao individuo um outro modo de pensar as relações na sociedade contemporânea”, explica a co-fundadora Rosane Almeida.
Em 2005, o Instituto Brincante foi reconhecido pelo Ministério da Cultura como Ponto de Cultura, devido ao seu trabalho de pesquisa e de formação e por promover ações de valorização, recriação e celebração da riqueza artística nacional.
Muitos jovens são atendidos diariamente participando em oficinas, cursos livres e palestras. Nomes como Cristovam Buarque, Milton Santos e Guto Pompéia fizeram parte nas oficinas e palestras para os jovens. O Instituto ainda conta com parceiros ou empresas para levar a obra adiante.  Ser reconhecido pelo público em geral como centro de referência da cultura brasileira na formação de intérpretes e educadores é um dos objetivos prioritários do Instituto.

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