terça-feira, 31 de maio de 2011

A Hard Day’s Night


Banda Beatles 4ever impressiona fãs dos Reis do Iê-iê-iê, em show de 24 horas de duração, durante a Virada Cultural
Por Guilherme Peace



         Analice Campelo, de 17 anos, ligou para três amigas do colégio onde estuda, mas nenhuma aceitou seu convite. A estudante se arrumou e foi sozinha até a estação Jabaquara do metrô, a mais próxima de sua casa. Quinze minutos depois, Analice chegou ao Largo São João, no centro velho de São Paulo, e tratou de arranjar um bom lugar no meio da multidão que começava a se formar, por volta das 17h.
Rodrigo Barone, 27, pediu folga no jornal onde trabalha como repórter da editoria de esportes. Daria tempo para trabalhar e ir ao evento, mas ele queria se “preparar psicologicamente”. Ele e a namorada deixaram Arujá às 14h, pois não queriam perder nem um instante. Por mais incrível que pareça, o trânsito estava tranqüilo, e eles não se atrasaram.
Josué D’Aclimação, 42, almoçou depressa, voltou ao trabalho e bateu o cartão para a saída por volta das 14h.  No caminho de casa, ligou para a esposa e pediu para que ficasse pronta. Pediu também para que arrumasse a filha, Lucy, com “Y” mesmo, pois ele apenas passaria para buscá-las. A menina escolheu a camiseta preferida, uma com a estampa de quatro rapazes atravessando uma rua em Londres. Lucy ganhou a camiseta em seu aniversário de 6 anos, no ano passado. O pai e a mãe de Lucy também vestiram camisetas estampadas. Eles saíram de Ferraz de Vasconcelos às 15h.
Analice, Rodrigo e Josué não se conhecem. Eles nunca conversaram, sequer se cruzaram na rua. Mas as vidas dos três se uniram pelo único interesse em comum, durante a última Virada Cultural Paulista: Beatles, em um show de 24 horas de duração. A banda Beatles 4ever encarou o desafio da maratona e tocou, para a alegria dos fãs, todos os discos e músicas dos garotos de Liverpool.
Não é a primeira vez que a banda, uma das poucas covers oficiais dos Beatles, realizou o feito. Em 2009 os rapazes se reuniram para tocar por 24 horas em um cinema da Rua Augusta. Daquela vez, no entanto, o público comprava os ingressos de acordo com o disco que queria ouvir, uma vez que o show segue a ordem cronológica do lançamento dos álbuns dos Beatles de verdade, contando com extras e coletâneas. Agora, na Virada, o desafio foi além. O grupo pretende concorrer a um lugar no livro dos recordes, o Guinness Book, como o mais longo show cover dos Beatles para uma platéia não-pagante. Como o feito é inédito, a colocação é quase certa.
Para fazer um show dos Beatles que agrade tanto aos exigentes fãs, não basta apenas tocar e cantar de forma parecida à dos músicos originais. É preciso performance, figurino e muita preparação. E isso a Beatles 4ever cumpre com rigor. Os músicos usam as roupas referentes a cada época – os terninhos e cabelos comportados dos “Reis do Iê-iê-iê”, os casacos e chapéus engraçados de “Sgt Peppers”, as túnicas e colares indianos da “fase psicodélica” e as roupas hippies... da fase hippie (!). As trocas de figurino se dão de acordo com a cronologia dos discos. Há uma equipe preparada para atender aos músicos nos intervalos de 5 minutinhos antes da próxima apresentação. Os instrumentos musicais utilizados no show também são idênticos aos dos Beatles. Uma das guitarras, inclusive, foi do próprio John Lennon.
Para agüentar as 24 horas de show, os quatro músicos passaram por um treinamento de maratona, com um personal trainner especializado nesta modalidade de esporte. Alimentação especial, técnicas de controle do cansaço e de respiração, além de exercícios especiais foram a rotina dos rapazes durante as semanas que antecederam a Virada Cultural.

Twist and Shout
Quando o show da Beatles 4ever começou, a multidão já havia se formado em frente ao palco, no Largo São João. Os quatro covers subiram ao palco sob muitos aplausos e assobios, vestidos como os Garotos de Liverpool no início da carreira: terninhos comportados e cabelos tigelinha. As músicas dançantes desta fase da banda animaram o público, que cantava junto.
A perfeição da execução das músicas, inclusive nos tons altíssimos de Paul McCartney, imitados pelo vocalista da Beatles 4ever, impressiona. Para quem entende de música, uma pergunta não saía da cabeça: como é que a banda agüentaria levar o show com toda aquela animação pelas próximas 24 horas? Além de tocar e cantara, a banda segue a performance com os trejeitos dos músicos originais.
No público, próxima ao palco, Analice logo fez amizade com um grupo de adolescentes beatlemaníacos. “Adoro as músicas mais antigas dos Beatles, pois trazem alegria e são super dançantes”, diz a garota. Analice teve seu primeiro contato com a banda há pouco tempo, após assistir o filme “Across the Universe”, musical em que as músicas dos Beatles servem de enredo para um romance. “Minha canção preferida é ‘All my loving’”, afirma Analice. 

With a Little Help from My Friends
Analice logo fez amizade com outras duas garotas, as estudantes Mariana Palma e Natália Tobias, ambas com 15 anos de idade. Foi com uma ajudinha da amiga Mariana que Natália aprendeu a gostar de Beatles. E a paixão das duas pela banda é tão grande, que ambas enfrentaram a autoridade dos pais para ir à Virada Cultural e assistir ao show da Beatles 4ever. Mas é por culpa dos próprios pais que Mariana se diz uma beatlemaníaca. “Eles me ensinaram a ouvir Beatles desde pequena”, conta a garota. “Minha música preferida é ‘Penny Lane’”. E ela confirma a preferência cantando junto com a banda a canção do disco gravado mais de 30 anos antes de seu nascimento. “É o melhor show em que já fui”, disse Natália, sorridente. “Sinto como se estivesse assistindo aos Beatles de verdade”.

Come Together
Abraçadinhos, Rodrigo e a namorada relembram ao dia em que começaram a namorar, ao som de “If I fell”. “Ela adorava essa música, e eu toquei para ela, em meu violão”, conta Rodrigo. “Estávamos em uma festa”. Vanessa, a namorada, sorri ao se lembrar. “Ele me disse para chegar junto, que ele ia tocar uma música dos Beatles para mim”, diz Vanessa. “Pensei que fosse tocar ‘Come Together’, pela animação em que estava”. Rodrigo e Vanessa estão juntos há 5 anos, e toda discussão do casal é resolvida com uma música dos Beatles. “Ele me irrita, e depois vem cantar para me reconquistar”, ralha a garota, em tom de brincadeira. “É por isso que sempre levo a Vanessa para assistir a tudo quanto é show de Beatles cover que encontro”, diz o namorado. O casal já foi a mais de 10 shows de bandas covers de Beatles, como Beatles 4ever e Abbey Road, consideradas as duas melhores do gênero.

All you need is Love
Outro casal que tem Beatles como trilha sonora para seu romance é o de Josué e Irene. Foi o amor pela banda que inspirou até o nome da filha, Lucy. “Quando nos conhecemos, eu disse a ele que meu sonho era ter uma filha, para chamá-la de Lucy, por causa da música ‘Lucy in the Sky With Dimonds’”, conta Irene. “Só que ele já tinha os mesmos planos”. Para a pequena Lucy, que assistia ao show da Beatles 4ever nos ombros do pai, não há música melhor que “Ob-la-di Ob-la-da”. Infelizmente, a música é uma das últimas da carreira dos Beatles. Como o show da banda cover segue a cronologia, Lucy só poderia ouvir a canção no dia seguinte. “Ela adora essa música”, diz o pai. “Dança e tudo mais. Sabe até cantar o refrão. Voltaremos amanhã para assistir mais um pouco do show”.
Get Back
A pluralidade do público já é por si um espetáculo à parte, no show da Beatles 4ever. Estudantes, senhores, velhos, mães de família, intelectuais, maconheiros, crianças, bêbados, mendigos, pessoas com pinta de religioso, hare-krishnas, hippies. Todos aplaudiram cada canção, cada comentário, cada dancinha. Como grande parte dos presentes nunca teve a chance de ver os Beatles verdadeiros de perto, seja pela idade ou pelas restrições econômicas, a perfeição da performance da banda cover é muito satisfatória. Assim, não foi de se espantar que, no domingo, quando os músicos já tocavam havia mais de 23 horas consecutivas e anunciaram o fim do show na próxima canção, a tristeza foi geral. Todos cantaram o coral de “Hey Jude”, e os aplausos duraram mais de um minuto.
Os músicos da Beatles 4ever, impressionantemente dispostos após toda a maratona musical, deixaram o palco por volta das 17h de domingo, ao som dos “vivas” e “bises” do público. E mesmo após terem tocados todas as músicas existentes da banda de Liverpool, eles voltaram ao palco para um bis de Twist and Shout, com todos os gritos necessários para que a canção seja fiel à original. E Analice, Rodrigo e Josué, dançaram no mesmo ritmo, o ritmo do amor à banda que faz parte de suas vidas.

A cultura em cima do ringue


Pode ser que a relação entre cultura e luta livre seja muito mais próxima do que se imagina
Por Joelma Santos
            A sétima edição da Virada Cultural aconteceu nos dias 16 e 17 de abril e contou com um público aproximado de 4 milhões de pessoas. Entre as diversas atrações oferecidas pelo evento havia uma que destoava de todas as outras. Primeiro por ser a estréia na maior festa cultural do país. E segundo, porque ficava difícil assimilar a prática da Luta Livre com a cultura, ou a algo que seja cultural. Foi possível, a todos que passavam pelo Vale do Anhangabaú, conferir as lutas que foram organizadas pela Federação Brasileira de Wrestling (BWF).
             Wrestling é uma arte marcial que usa técnicas de agarramento, arremesso e derrubada, podem ser disputadas por dois ou mais competidores e ou parceiros. Esse tipo de luta possui muitas modalidades e a que foi apresentada na Virada Cultural, adotada pela BWF, é a wrestling profissional, que mescla artes cênicas e catch wrestling, uma modalidade mais tradicional na luta livre. Mesmo com ataques violentos e a cara de mau dos lutadores, a competição realizada na Arena Anhangabaú mais parecia uma apresentação de circo onde todos os golpes são ensaiados e combinados por seus participantes.
            A BWF organizou um “campeonato” para a Virada e o vencedor levaria o Cinturão Rei do Ringue. Entre os lutadores brasileiros que participaram do evento estavam Xandão, atual campeão pela BWF, Super Sonico, Vira Lata, Pirata, Denny Boy e Mano John. O atual campeão americano, Tim Anderson, também participou, mas sem concorrer ao prêmio.
Aglomeração ao redor do ringue de luta livre
Foto retirada do site prefeitura.gov.sp
            Ao redor do ringue havia adultos e crianças, pessoas de todas as idades, que vibravam a cada novo golpe dado em um adversário. E pediam, a todo momento, mais porradas, mais pontapés e a repetição de golpes que pareciam ser fatais a quem os recebia. Era possível ouvir das crianças, “Bate mais!! Bate!!”. E, também, pedidos desesperados, de todos, para que competidores fossem lançados pra fora do ringue. Verdadeiros fãs de luta livre eram facilmente identificados porque conheciam todos os golpes pelo nome e explodiam de alegria quando o lutador para quem torciam ganhava vantagem na luta.
            A grande final do campeonato foi entre Xandão, conhecido como o “Gigante de Bragança”, e Super Sonico, que tinha praticamente metade do tamanho de seu adversário, mas que o superava em agilidade. Com a luta ganha, Xandão, que declarou em entrevista, “quando ouço gritarem meu nome, tenho vontade de ganhar e bater cada vez mais”, foi desclassificado porque subiu no ringue com uma cadeira e agrediu o juiz. Depois disso jogou o cinturão em cima de Sonico e foi embora.
            Entre uma luta e outra o público pôde apreciar outras atrações no ringue. O Circo Zanni, por exemplo, fez uma apresentação na tarde de domingo, dia 17, com dois palhaços vestidos de lutadores de boxe que arrancaram boas gargalhadas das pessoas que acompanhavam a programação do palco.
            Uma atração muito aguardada no domingo foi o Consejo Mundial de Lucha Libre, (CMLL), do México. Essa companhia mexicana adota o estilo telecatch que conta com golpes ensaiados. Entre os participantes mexicanos estavam Angel de Oro, Hijo Del Fantasma, Texano, Stuka, Metro, Tiger Kid, Puma King, Rey Cometa, Scandalo e Terrible, que foi o vencedor de uma competição criada entre a “trupe”. Pareciam mais acrobatas circenses que atletas de lula livre. A maioria dos luchadores estava com máscaras porque elas têm um significado para a cultura mexicana. São consideradas sagradas e se um lutador arranca a máscara de seu adversário em uma luta, é desclassificado imediatamente.
            A luta livre é um esporte pouco conhecido e cultuado no Brasil, mas é praticado por homens e mulheres e tem regras claras como qualquer outra prática esportiva. O problema está na relação que se faz da luta livre com o vale tudo. Na verdade são coisas completamente diferentes. O vale tudo é uma das modalidades da luta livre, assim como a luta greco romana e o sambô, que surgiu na Rússia no século XX.
            Para Jeanne Bernardo, 23, estudante de Educação Física, a luta livre é recomendada desde que ajude o indivíduo a desenvolver conceitos de disciplina, respeito e socialização e capacidades físicas como força, resistência e agilidade. “Depende para qual público e de que forma o esporte será abordado. Tudo que é produzido pelo homem faz parte de sua cultura e se isso lhe agrega valores, é uma prática válida”, complementa Jeanne.

"Céu e Terra irão colidir"

Um dos filmes mais vistos na última Virada Cultura da cidade de São Paulo, "Impacto Profundo" revela ser superior do que atuais histórias-catástrofes contadas no cinema.


Por Caio Carvalho


Este poderia ser simplesmente mais um daqueles típicos filmes do sonho americano, onde o herói salva a mocinha em meio a diversas catástrofes. Como aquele de alienígenas, "Independence Day" (1996), que invadem os Estados Unidos e atingem as principais cidades do país; ou "Armagedon" (1998), que emocionou a todos - quando foi para a TV aberta, logicamente - na cena de Liv Tyler com Bruce Willis pelos televisores; ou até das profecias Maias, "2012" (2009), com John Cusack escapando de fogo, desabamentos e maremotos, de uma forma um tanto frenética. Mas não são tantas tragédias o que você lerá a seguir.

Diferente de muitos filmes que relatam maneiras de como o mundo poderia ser destruído, eis que, dentre as infinitas opções, destaca-se "Impacto Profundo", um filme de 1998 que baseia-se na descoberta de um meteoro prestes a colidir com a Terra, e que esteve dentre os filmes escolhidos para a sessão "Catástrofe" da Virada Cultural de São Paulo, em abril deste ano.

O asteróide, prestes a cair no mar (Foto: Divulgação).
A trama inicia-se quando Leo (Elijah Wood) e seu professor de astronomia descobrem por acaso que um gigantesco cometa ameaçará a vida do planeta, e que só é visto por autoridades governamentais quase um ano após o registro do arteróide. A repórter Jenny Lerner (Téa Leoni), que cobria uma matéria sobre um escândalo sexual envolvendo o presidente dos EUA (Morgan Freeman), vê nessa notícia a chance de alcançar reconhecimento como jornalista. A adrenalina do filme, por assim dizer, começa quando astronautas são mandados ao espaço para destruírem o meteoro, e a população se mobiliza da cidade para as colinas, a fim de tentarem escapar do impacto que a estrela causará.

Os atores Morgan Freeman e Téa Leoni (Foto: Divulgação).
Muito do filme talvez não esteja focado em mais uma história-catástrofe de medo e destruição, mas um ponto chave é a maneira como cada personagem reage diante do fim iminente, quando todos são obrigados a fazerem escolhas decisivas. A mulher (mãe da repórter Jenny) que se olha no espelho, veste a melhor roupa, usa a melhor maquiagem, abre um bom vinho e senta-se no sofá da sala, simplesmente para olhar um álbum de fotos, e não dar importância a mais nada a seu redor; os jovens que se casam e montam planos minimamente mirabolantes; um adulto que, após ficar cego, ouve histórias do capitão Moby Dick. A própria Jenny, por exemplo, tem um histórico familiar conturbado, relacionado principalmente a seu pai. Há também os adolescentes Leo e Maria, que, por maiores que sejam os impulsos da idade, tomam difíceis decisões - como a de abandonar a família para sobreviverem. Os astronautas, por mais "apagados" que tenham ficado durante todo o filme, têm um verdadeiro final heróico, ao colidirem com o cometa maior para impedir que ele destrua o planeta Terra.

Leslie Sobieski e Elijah Wood interpretaram o casal Sarah e Leo. (Foto: Divulgação)
"Oceanos elevam-se, cidades são destruídas. A esperança sobrevive." É a mensagem que o filme diz.


Impacto Na Virada

A sessão de "Impacto Profundo", no Cine Dom José, era a das mais lotadas, em relação aos outros filmes (como "O Dia Depois De Amanhã" (2004), "Cloverfield Monstro" (2008), e os clássicos "O Dia Em Que A Terra Parou" (1951) e "Guerra Dos Mundos" (1953)). Perguntadas sobre o porquê da escolha, a maioria dos espectadores respondeu que "é como se eu estivesse vendo na data da estréia, há mais de dez anos", já que grande parte dos que foram à sessão eram os adolescentes... daquela época. Já os mais novos disseram que preferem filmes com menos "ação" e mais história, pois estão cansados de sempre ver um edifício ou monumento cair aqui e ali, e ser unicamente isso.

E você? Pronto para ir até sua locadora e alugar Impacto Profundo? Senão, melhor esperar até reprisarem pela centésima vez nos clássicos da Sessão da Tarde. E se você ainda não lembra que filme é esse, refresque sua memória com o trailer:

No interior também tem Virada!

"Rimas da Minha Vida" é aplaudido de pé pelo público emocionado"
Por Sílvia Sotero



Beatriz Galvão Nogueira, ou Bê, como é conhecida na cidade de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, se apresentou na última Virada Cultural Paulista e lotou o Espaço Mário Covas.
O local tem capacidade para 50 lugares e ficou lotado, com muitas pessoas aguardando do lado de fora para ver se sobrava um “lugarzinho” para poderem assistir ao espetáculo “Rimas da Minha Vida”, que teve início impreterivelmente às 19hs. Tanto Bê, quanto Geraldinho (instrumental) fazem questão deste respeito com a platéia.
Considerado pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo como um espetáculo teatral, na realidade, trata-se mais de uma declamação de poesias com fundo musical de grandes nomes da MPB, como Djavan, Ivan Lins, Edu Lobo, Chico Buarque, entre outros.
Em "Rimas da Minha Vida", Bê Galvão nos conta, com charme e criatividade, a história de suas paixões - e de tantos de nós - utilizando poemas próprios e de outros poetas como Elomar, Zenilda Lua, Juracy Ribeiro, Josefina Neves Mello, Myrthes Masiero, Anna Akhmatova, Pedro Ernesto Cursino e Cecília Meireles. Beatriz esbanja talento. Não se trata apenas de uma declamação e sim de uma interpretação visceral que contagiou a todos que lá estavam. Durante a apresentação, era notória a emoção dos presentes, sendo que algumas pessoas se emocionaram a ponto mesmo de chorar. No final, como não poderia deixar de acontecer, foram aplaudidos de pé pela platéia.
Mas para quem pensa que Beatriz Galvão é somente atriz, na realidade, após a apresentação descobri que sua primeira formação é de engenheira e, atualmente, trabalha como funcionária pública.
Tudo começou por volta de 2003 quando ela conheceu um grupo de artistas e tiveram a idéia de começar a apresentar em bares da cidade, com os chamados “saraus”. Nesta mesma época, foi fundada a Confraria dos Artistas, um momento de efervescência cultural na cidade.
Com o tempo, veio a necessidade da apresentação solo. Este espetáculo teve uma preparação de 3 anos, tanto na escolha e pesquisa do repertório, como na preparação desta engenheira que fez cursos de interpretação teatral, preparação corporal e de voz, enfim, um esmero e uma dedicação de fazer inveja a muitos espetáculos que vemos por aí.
Pensou que só na capital é que temos apresentações de qualidade? Ficou com vontade? Pois aguardem! Beatriz Galvão já enviou seu projeto para o Museu Guilherme de Almeida e a Casa das Rosas. Logo chega em Sampa, com toda a sua poesia e talento.
Quem quiser se manter atualizado sobre seus espetáculos e locais de apresentação, pode acessar o blog www.bipcultural.blogspot.com

Risos e gargalhadas tomam conta da Virada Cultural 2011

Novo modelo de comédia atraiu um dos maiores públicos do evento
Por Priscila Gatto 


Aqueles que estavam acostumados à assistir shows musicais, espetáculos de dança, apresentações teatrais, dentre outras manifestações culturais que todos os anos passam pela Virada Cultural de São Paulo, tiveram uma grande surpresa neste ano.
O Stand-Up Comedy incendiou o Viaduto do Chá nos dias 16 e 17 de abril, levando milhares de pessoas ao delírio. Foram 24 horas de apresentações que tiravam risos e gargalhadas da população que passava pelo local.

O palco, instalado no Vale do Anhangabaú, reuniu diversos nomes conhecidos do cenário humorístico brasileiro. Dentro os destaques estavam os comediantes Danilo Gentilli,  da TV Bandeirantes, Fábio Rabin, da MTV, Fábio Porchat, Leo Lins, Murilo Gun e Marcelo Mansfield.
A apresentação de um novo formato de humor conquistou inúmeros esboços de sorrisos até mesmo dos mais “fechadões” que presenciavam o espetáculo, atraindo, segundo os organizadores do evento, um dos maiores públicos da Virada Cultural.

Para o professor de libras, Edílson Andrade, a novidade mostrou que o público brasileiro está cada vez mais aberto à novas experiências. “O humor em Stand-Up é algo que deve ser explorado, pois é uma forte contribuição para nossa cultura”, disse Edílson, desejando que o espetáculo se repita nos próximos anos . “Este modelo de comédia é muito interessante e, na minha opinião, deveria estar presente, daqui pra frente, em todas as viradas culturais”, finalizou o professor.
O último a participar da programação foi Fábio Rabin, que entrou no palco por volta das 18h30 do domingo, encerrando com chave de ouro a sessão de risos da Virada Cultural 2011.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Direto da "Quebrada"

Banda inspirada pela Black Music conquista espaço na Virada Cultural, mas se decepciona com a organização do evento

por Patrícia Costa Freire



Na luta da Cultura Negra pela conquista de espaço é impossível não notar a importância das manifestações artísticas. Com o gospel, o Blues e o Jazz, cantores como James Brow, Marvin Gay e Ray Charles levaram para rádio a música negra. Com ela começou a desenvolver um novo estilo musical, conhecido como Black Music. Diversas partes do mundo sofreram influência desses ritmos. No Brasil, temos o Funk, o Rap, o Samba e o Hip Hop.
Mesmo com a contribuição do movimento para valorização da raça negra, o preconceito ainda é forte em vários lugares, a diferença é que hoje, ele se estende a classe social. No Brasil, a desigualdade exclui a maior parte da população, e impede as áreas periféricas de ter acesso a arte.
Nesse cenário, diversas manifestações culturais ocorrem para revelar o lado forte de pessoas que, apesar de menor poder aquisitivo, possuem a consciência do poder de mudar a realidade. Assim, surge a banda Preto Soul, na zona Sul da grande São Paulo, influenciada pelos artistas da Black Music dos anos 60 e de brasileiros como Ed Mota, Racionais Mc's, O Rappa e o Black Rio. A banda tem o objetivo de resgatar essas origens, valorizar a música negra e o modo de viver da periferia.
Formada em 2004, com o nome de Sintonia Fina, o vocalista Guinão (Wagner de Oliveira) e o baixista Claudinho buscavam rememorar as lembranças de infância e da adolescência. Com a entrada dos integrantes Baltazar e Hugo surge o Preto Soul, em 2005. Atualmente é constituída pelos vocais Wagner Oliveira (Violão), Baltazar Honório, Dêssa Souza e os instrumentistas: Sandro (Guitarra), Claudinho (Contrabaixo), Ray Estevão (teclado), Fábio Vêio (Trompete e Flugelhorn) e Sidney Teixeira (Sax Alto).
Com estilo Funk-Soul-Black-Rap, suas letras falam de amor, perdão e não têm medo de causar: “Compomos um pouco do mundo que vivemos e nos cerca. Às vezes com bom humor, às vezes com amor e paixão e às vezes com um pouquinho de raiva.", diz o vocalista Baltazar Honório.



Vocalista Baltazar Honório:
fonte: Fotos Raíssa Corso 14/05/10 Sacolão das Artes-Pq. Santo Antonio- Sexta Feira.
 As canções relembram a luta dos negros, criticam a desigualdade social e revelam a força dos moradores da periferia perante a construção de uma nova sociedade. Num conjunto variado de batidas e ritmos, o público experimenta várias sensações. Na música Navio Negreiro, a quarta parte do poema de Castro Alves relembra  o sofrimento dos negros africanos “Era um sonho dantesco... o tombadilho, que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros, estalar de açoite. Legiões de homens negros como a noite, horrendos a dançar...”. Já Mil Grau fala da pressa pela chegada do fim de semana, busca esquecer o cansaço diário e convida o público a subir o morro, cantar e dançar “Mil grau! Hoje vai rola pra mim, a noite inteira. Sobe o morro vem dançar, é sexta-feira. Hoje o baile vai rolar...”.
A primeira vez que o Preto Soul participou da Virada Cultural foi em 2005 na Pinacoteca do Estado, como recorda Baltazar. Em seis anos de carreira, a banda já tocou em eventos como Semana de Arte Moderna da Periferia (2007), Mostra Cultural da Cooperifa (2008, 2010). Normalmente, toca em espaços culturais como o “Sarau do Binho” e o “Espaço Clariô”, ambos na Zona Sul.
Banda Preto Soul
 Fonte: http://mistermussumano.blogspot.com/2010/07/outras-do-preto-soul.html
Para apresentação deste ano, na Virada Cultual, foi reservado o palco da Santa Ifigênia, denominado Cultura Periférica. A banda fechou a Virada. Entrou com quarenta minutos de atraso, por problemas técnicos e tocou durante uma hora. Honório ficou decepcionado com a produção do evento: “Houve problemas técnicos durante todos os shows, o que nos fez ter a certeza de que quando se trata de bandas sem expressão ou de periferia, a produção é feita com displicência”. Ainda assim, completa: “Tocar na Virada é sempre muito significativo. Sabemos que é uma ótima janela e mesmo com o som ruim ainda fica bom”.
O Preto Soul iniciou a apresentação e o público deixou-se contagiar pelo som dançante, hora Funk, hora Rap, Hip Hop, e às vezes na mesma música a mistura de tudo.   Inicialmente pequeno, ficava cada vez maior e atento a banda. Para Honório, a recepção das pessoas foi além do esperado, já que admite não criar muitas expectativas pelo fato de ainda não terem uma caminhada expressiva.
A virada cultural reúne artistas de vários lugares da cidade, numa mistura de estilos, bandas musicais, grupos e companhias de dança, de teatro, de cinema etc. Enquanto alguns  já são consagrados pelo público, outros estão, aos poucos, conquistando espaço. O fato do Preto Soul ter a oportunidade de levar  sua música para um público maior, não impede  o vocalista  de criticar outros artistas por obterem sucesso rápido. Honório questiona se cantores como Luan Santana estariam no  lugar que ocupa no momento se tivessem a mesma origem que o Preto Soul “Dos meus 5 anos para cá vi muitos piores que eu fazendo música ou novela por um padrão de beleza e outras coisas mais”, observa.
Embora com alguns anos de experiência na virada, o Preto Soul não esquece sua origem. Durante o show, frases como “É nois e depois de nóis, é nóis de novo” e “Orgulho de sermos quem somos, de vir de onde viemos e esperança de chegarmos onde queremos” são ditas do início ao fim, para mostrar que o Preto Soul é uma banda da quebrada e para quebrada. Segundo Honório, a interação que houve entre o público e a banda na Virada este ano provou que estão no caminho certo: “Nós temos esperança de chegar onde queremos, porque sabemos que somos bons no que fazemos e mesmo sem aval de mídia ou o que quer seja, lutamos para provar que somos capazes. Aqui ninguém quer sucesso. Apenas queremos viver de música (boa) e ser respeitado por ter lutado a vida toda para provar que não seríamos uma banda, na qual, em dois anos ninguém mais lembraria o nome”, conclui.

Show da banda Preto Soul, na Virada 2011.
Foto: Patrícia Freire


Diversidade artística em estilo brincante

Por Márcio Adriano Krefer

Valorização e conhecimento de inúmeras manifestações artísticas do país são contempladas pelo público em espetáculo na Virada Cultural.

Enquanto alguns aguardam na entrada para assistir o circo Zanni, grande cerco se forma no piso superior do SESC para um novo espetáculo ao ar livre. Com trajes arrojados e o batuque de tambores, começa a apresentação do grupo de dança e teatro do Instituto Brincante.
Durante 40 minutos, brincadeiras e performances bem humoradas estimulam o público a se aproximar do universo da cultura brasileira. A atração convida pessoas de todas as idades. A pedagoga Maria Conceição, enfatiza a necessidade de preservar os costumes. “A cultura é muito importante para a sociedade. Na virada cultural todos tem oportunidade de participar. Estamos precisando de muita cultura e o grupo expressa a diversidade brasileira, e isto é muito bom”, comenta.
A apresentação do grupo é feita em clima brincante, com danças populares acompanhadas de batuques e uma variedade de coreografias que expressam a diversidade do nosso país.  “A gente tenta mostrar uma leitura do próprio instituto dessas brincadeiras populares, relidas aqui em São Paulo por gente que estuda, trabalha com a cultura brasileira”, comenta André Simões, membro do grupo há três anos.
Momentos de laser e diversão para toda a sociedade são fundamentais para o conhecimento das tradições. A aposentada Carolina Despirito, apoia momentos de diversão e folclore. “Estou adorando a maneira como esse grupo se apresenta. É preciso ter sempre esses momentos para todos. Distrai e contribui para a formação da sociedade”, disse.
Ao final os artistas promovem um cortejo convidando todos os presentes a caminhar cantando e dançando ao som de ritmos brasileiros. José Luiz Pinheiro, formado em psicologia, nunca havia participado antes do evento promovido no SESC e se diz contagiado pelo grupo. “Achei superinteressante porque a energia das músicas mexe muito com a emoção, envolve todo um processo na áurea das pessoas. Chega até a arrepiar de tanta emoção. É um grupo bem organizado, a dança é fantástica e os movimentos são todos sincronizados”, afirma.
É a primeira vez que o grupo formado recentemente no Instituto Brincante participa na Virada Cultural.  O grupo utiliza-se de vários instrumentos e tem como característica a forma brincante de se apresentar. “As brincadeiras se misturam entre Maracatu, caboclinho, cavalo marinho, pandeiro”, garante Simões.
O Instituto nasceu em 1992 com o objetivo de lançar um olhar diferenciado sobre a cultura brasileira. Grandes espetáculos foram produzidos ao longo dos anos. Por meio de cursos gratuitos consolidou-se o teatro nas escolas, principalmente à população jovem de baixa renda. “Brincante é o modo como os artistas populares se autodenominam. Eles nunca se nomeiam dançarinos ou atores, ele se dizem brincantes; ao realizar um espetáculo, não dizem que vão fazer um show, dizem que vão brincar”, explica a co-fundadora do Instituto Rosana Almeida.
Os cursos oferecidos integram as artes dramáticas por meio da música e da dança; a literatura através da poesia e dos contos tradicionais; as artes plásticas mediante o estudo das máscaras, figuras, adereços e brinquedos que compõem o imaginário simbólico e mítico, presentes nas diferentes expressões da cultura brasileira.
O Instituto parte do propósito de estudar as diferentes manifestações artísticas, tão distantes da nossa realidade contemporânea. “A missão é promover o enriquecimento humano por meio do estudo e pesquisa da arte e da cultura brasileira, formando e capacitando jovens, crianças, artistas e educadores, contribuindo para ampliar a consciência cultural e social”, completa a fundadora.
Mais do que educadores, o projeto pretende formar "intérpretes" com sensibilidade cultural e artística para redescobrir a arte do Brasil, multiplicando seus significados em diferentes contextos sociais.
As apresentações reúnem o estudo, a técnica e o potencial artístico em apresentações de música ao vivo, dança, performances teatrais e circo, para públicos diversos. Todas as atividades culturais podem ser realizadas dentro ou fora do Instituto, em escolas, ONGs ou empresas. Promove também, diversas atividades culturais, todas originárias dos ritmos e manifestações artísticas brasileiras, mas trabalhadas de formas bem distintas.
Um espaço de conhecimento, assimilação e recriação das inúmeras manifestações artísticas do país, que celebra a riqueza da cultura nacional e a importância da sua diversidade. “Novos valores, novas maneiras de construir saberes e proporcionar ao individuo um outro modo de pensar as relações na sociedade contemporânea”, explica a co-fundadora Rosane Almeida.
Em 2005, o Instituto Brincante foi reconhecido pelo Ministério da Cultura como Ponto de Cultura, devido ao seu trabalho de pesquisa e de formação e por promover ações de valorização, recriação e celebração da riqueza artística nacional.
Muitos jovens são atendidos diariamente participando em oficinas, cursos livres e palestras. Nomes como Cristovam Buarque, Milton Santos e Guto Pompéia fizeram parte nas oficinas e palestras para os jovens. O Instituto ainda conta com parceiros ou empresas para levar a obra adiante.  Ser reconhecido pelo público em geral como centro de referência da cultura brasileira na formação de intérpretes e educadores é um dos objetivos prioritários do Instituto.

24 horas de pura diversão

 Por Priscila Elen de Oliveira Santos

Realizada nos dias 16 e 17 de abril, a Virada Cultural foi um sucesso em números de participantes e, dentre as diversas atrações, ela contou com uma novidade engraçada e contagiante que, além de agradar o público, garantiu muitas risadas ao longo das apresentações. Foi o Stand Up Comedy, que tomou conta do Viaduto do Chá, no Vale do Anhangabaú, conseguindo uma das maiores audiências da Virada. 
Isso espantou até os organizadores, que tinham sérias dúvidas sobre sua repercussão, já que o Stand Up possui diversas diferenças dos gêneros teatrais que estamos acostumados a ver. A Tragédia e o Drama são ótimos exemplos disso, pois retratam, respectivamente, com um quê de exagero, mortes/acidentes e relações sociais/psicológicas do homem. A que mais se aproxima, porém, é a Comédia, que satiriza o cotidiano do homem, tornando-o engraçado. Semelhança que acaba por aí.
Diferente de todos os gêneros, o Stand Up utiliza um humor improvisado, sem a utilização de cenário, caracterização ou qualquer outro recurso teatral, principal característica dos outros modelos.
Dos espetáculos apresentados no domingo pela manhã, alguns se destacaram mais que outros e, entre os comediantes participantes, estavam Danilo Gentilli (integrante do programa CQC, da Rede Bandeirantes), Fábio Porchat, Robson Nunes e Cris Paiva. 
Fábio Porchat foi o que mais arrancou risos da plateia. Em seu espetáculo, ele fez algumas criticas as operadoras de telefonia e à TV a cabo (net), fazendo com que grande parte do público, se identificasse com tais problemas. 
Piadas regionais, não ficaram de fora. Como, por exemplo, afirmar que o Acre não existe, ou que “paulista não entende nada de geografia e acha que todo nordestino é baiano”, marcaram presença na maior parte das apresentações. 
Algumas piadas clichês com cunho um tanto sexual – como a da comediante Cris Nunes, que interpreta a personagem Nina no humorístico A Praça é Nossa – também arrancaram muitas gargalhadas. Cris Paiva, por sinal, foi a única que interpretou um personagem.
Em todas as apresentações, a comédia assegurou a diversão, utilizando ainda um texto original, com a presença de algumas piadas clichês, é claro, mas sem dúvida, interessante.
O encerramento do show ficou por conta da dupla de atores do grupo Comida dos Astros – Porchat e Gentilli, que também abriram o Stand Up – garantindo uma excelente cotação até o fim da apresentação.

Virada Cultural no Passo do Arrasta-Pé


Palco da Barão de Limeira mistura ritmos do Norte e Nordeste Brasileiro

Por Diogênes Paz

A Virada Cultural, evento anual que foi realizado nos dias 16 e 17 de abril pela Prefeitura de São Paulo, completou neste ano sua 7ª edição. Durante 24 horas a cidade desfrutou de muita Música, Dança, Jogos, Teatro, Cinema e outras diversas atividades culturais. Palcos foram espalhados por ruas e avenidas importantes da capital paulista, como a Alameda Barão de Limeira que teve uma programação especial. As atrações foram distribuídas por estilos e perfil de público. Desta vez, o apelidado “Palco do Forró”, reuniu grandes nomes do gênero musical nordestino, dentre eles Dominguinhos, Almir Sater e Falamansa.

Por causa de artistas de peso como estes, a Barão de Limeira estava sempre cheia e colorida. Dominguinhos, a principal atração se apresentou por volta das 00h00 do domingo. Seu rico repertório incluía músicas próprias, mas também homenageava outros importantes artistas como Luiz Gonzaga e Sivuca. O sanfoneiro Dominguinhos ainda dividiu o palco com o velho amigo Téo Azevedo que numa participação especial, fez repente com toda a banda. O show que reuniu tanto jovens quanto idosos que dançavam sem parar, durou apenas uma hora e deixou o público com gostinho de "quero mais".

A turismóloga Alexandra Paula da Silva de 27 anos, levou a sobrinha Dayanne Luiza de 17, para curtir o show de Dominguinhos. Para Alexandra, ele é um dos melhores cantores e sanfoneiros de do Brasil. “Pra mim Dominguinhos é um dos poucos músicos que conseguem interpretar da melhor forma o rei do baião, Luiz Gonzaga. As músicas dele também são ícones, estão na boca do povo. Apesar de algumas delas serem antigas não são esquecidas. É bom para nós, porque serve para enriquecer nossa cultura”. Já a estudante Dayanne Luiza falou do motivo que os levou a Barão de Limeira. “Eu vim porque assim como minha tia, também gosto do trabalho do Dominguinhos. Quando ele canta, eu lembro um pouco da minha infância e da minha terra. Sou de Pernambuco, e isso explica o meu gosto pelo forró. Aqui eu vim matar um pouquinho da saudade de lá. Ainda bem que a Virada Cultural mostra a cultura nordestina, até porque São Paulo foi construída pelos nordestinos. Nós somos ricos em cultura e a exposição dela favorece nossa diversão e quebra um pouco do preconceito que algumas pessoas tem. São Paulo é de todo mundo”.

Almir Sater, cantor que ficou bastante conhecido por causa do personagem “Zé Trovão” da novela Ana Raio e Zé Trovão, subiu ao palco pontualmente. Meio-dia, sol forte e calor humano marcou o show do violeiro que neste ano completa 50 anos de carreira com 10 discos lançados. Cerca de 20.000 pessoas estavam presentes para prestigiar e escutar voz e violão. Se Almir foi para o palco com repertório montado, perdeu. As pessoas na beira do palco clamavam e pediam as músicas que queriam ouvir. Desta forma, ele não teve como negar e fez a vontade do povo. Sucessos como Chalana, Mês de Maio, Um Violeiro Toca e Tocando em Frente fizeram o público delirar.

O grupo Falamansa, atração que participou da Virada Cultural pela terceira vez, comemorou no palco seus 10 anos de carreira. E para marcar esta década de sucesso a banda recentemente lançou o álbum “Por Um Mundo Melhor”, que através das músicas incentiva a reciclagem, proteção ambiental e ecologia. Na apresentação que foi das 16h00 às 17h00 do domingo, o vocalista Tato preferiu agradar e empolgar o povo. Ele começou cantando músicas mais conhecidas como Xote da Alegria, Xote dos Milagres e Anjo, só depois incrementou o repertório com canções do novo trabalho. Durante o show, o cantor interagiu diversas vezes com o público e a vizinhança próxima ao palco que acenava, além de filmar a grande multidão. Encerrando, Falamansa fez o publico tirar o pé do chão com “Hoje é dia de Folia”, de Xuxa, e “Balão Mágico”. "Apresentamos na Virada o show que estamos fazendo atualmente porque é o máximo que a gente pode fazer pra retribuir o público. São as músicas que a galera conhece", completou.

domingo, 29 de maio de 2011

Festa da Palavra

Balaio de Dois encanta público da Virada Cultural com cantigas e brincadeiras muito além das gargalhadas

Por Lívia Fonseca Nunes

“O meu pai chama-se Caco. A minha mãe “Caca Maria”. Lá em casa é tudo caco, e eu, sou filho da cacaria”. Pronto. A simples construção basta para arrancar as gargalhadas do público.
Muito mais do que contar piadas, o espetáculo do grupo “Balaio de Dois” é a festa da palavra: música, poesia, trava-línguas, cantigas de roda, parlendas, adivinhas, trocadilhos se unem com leveza e simplicidade. É diversão garantida.
Poesia e música sempre estiveram lado a lado. Há 14 anos, o encontro entre um escritor e um compositor confirmaria essa perfeita união. Paulo Netho e Salatiel Silva tornaram-se “Balaio de dois” em 2005. O resultado está nos livros e cd’s lançados, além dos mais de 1000 shows realizados em várias localidades do Brasil.
Quem passou pela “Casa das Rosas” no dia 17 de abril pode se contagiar com a alegria e espontaneidade da dupla. Parte da programação da Virada Cultural, a apresentação envolveu o público, trouxe recordações, provocou risos e concluiu seu papel de levar alegria, conforto e interatividade, despertando o gosto pela leitura no público.
Longe de ser apenas infantil, a plateia estava cheia de adultos, adolescentes, senhores e senhoras que participaram e se deixaram levar pelas cantigas, rimas, trava-línguas e poesias. E essa é a intenção. Nas palavras de Salatiel Silva: “nosso show é para crianças de 7 a 90 anos”.
A honestidade, impulso e inocência infantil foram ingredientes a mais da alegria. Durante a apresentação, risadas altas e comentários espontâneos provocavam gargalhadas nos mais velhos. Sem pestanejar, Paulo Netho improvisava e contornava a sinceridade que só as crianças têm, deixando-as de saia justa, sem saber o que responder.
Na apresentação, cantigas antigas ganham versões novas. Os artistas surpreenderam ao trocar o boi da cara preta pela rima: “foi, foi, foi, foi só pra você que eu troquei a letra da canção de adormecer”.
Mas as velhas conhecidas também tiveram espaço. Paulo emendou a cantiga com poesia e trouxe a memória à tona ao cantar o alecrim dourado. Fazendo jus à tarde de domingo, não poderia e não faltou: “hoje é domingo, pé de cachimbo, cachimbo é de ouro, bate no touro, o touro é valente, bate na gente, agente é fraco, cai no buraco, o buraco é fundo acabou-se o mundo”.
O público mais velho lembrava-se das letras, cantou e se divertiu. Para Salatiel, o desejo da dupla não é resgatar uma memória, mas “não deixar morrer algumas coisas que são fundamentais”.
Paulo Netho declara que a intenção é despertar o raciocínio e amor pela palavra. A satisfação e certeza de que o trabalho dá certo, ocorrem quando eles percebem as crianças acompanhando o show, tentando falar os trava-línguas, cantando junto com eles. A apresentação da virada alcançou o objetivo.
A produtora Camila não conhecia o trabalho da dupla até pesquisar possíveis atrações para o evento. Paulo e Salatiel fizeram um show exclusivo para a produção que se encantou de primeira e marcou dois espetáculos para a virada.
Ela acertou na escolha. Como diriam os artistas, uma “salva de dedos” para a produção e, é claro, para o "Balaio de Dois".



No quadro:

Música: arte e técnica de combianar os sons.
Poesia: versos destinados a evocar sensações, impressões e emoções por meio da união de sonos, ritmos e harmonia.
Adivinha: pergunta enigmática para ser decifrada.
Cantiga: poema cantado com acompanhamento musical, dividido em estrofes iguais.
Trocadilho: jogo de palavras semelhantes na forma mas diferentes no significado.
Parlendas: versos com temática infantil , recitados em brincadeiras de crianças.
Trava-línguas: conjunto de palavras formando uma frase que seja de difícil articulação.

sábado, 28 de maio de 2011

Circo Zanni transforma Pateo do Colégio em um grande picadeiro


Trupe paulista empolga público com um espetáculo surpreendente

Por Érica Augusto

 Durante a 7ª edição da Virada Cultural na cidade de São Paulo, uma das grandes atrações foi o Circo Zanni, que se apresentou em outros locais como o Vale do Anhangabaú e o SESC Belenzinho , mas foi a atração principal do palco montado em frente ao Pateo do Colégio, na região central.
Foram duas apresentações, às 22h30 do sábado, dia 16 de abril e às 12h do domingo, dia 17. O projeto do Circo Zanni, com mais de 8 anos de existência, e atualmente sem espetáculo em cartaz, reuniu seu elenco original para as apresentações da Virada Cultural.
Mas quem não conhecia o Circo Zanni e esperou uma apresentação tradicional circense, se enganou! Com uma proposta dinâmica, o espetáculo traz ao público toda a plasticidade e beleza do circo, com performances surpreendentes!
O elenco composto por Domingos Montagner, Bel Mucci, Daniel Pedro, Erica Stoppel, Luciana Menin, Marcelo Lujan, Pablo Nordio entre outros, se reveza entre as apresentações, a orquestra – que não pára de tocar um minuto sequer – e a contra-regragem das apresentações. Todos estes elementos deixam o público completamente fascinado, que não quer perder um minuto de apresentação.
Para a apresentação o Circo Zanni trouxe seus números tradicionais de magia, malabares, palhaço, trapézio, em uma hora de espetáculo. Mesmo o sol fortíssimo e a falta de espaços cobertos espantaram o público, que lotava as cadeiras dispostas em frente ao Pateo do Colégio.
A trupe, que teve origem no litoral paulista, planeja a estréia do novo espetáculo para o mês de outubro. Enquanto isso, os artistas do Circo Zanni seguem suas carreiras solo, com apresentações circenses, no teatro e na TV. Atualmente Domingos Montagner, diretor artístico e fundador da companhia, interpreta o Capitão Herculano, na novela Cordel Encantado, da Rede Globo.